Foi o melhor concerto que vi nos últimos anos. São uns gajos muita bacanos, estavam-se a divertir à grande e entusiasmaram toda gente. No fim fui ter com o gajo e disse-lhe (com sotaque mexicano) "great concert, man! Enjoy your stay in Portugal. Come back any time!". Em troca recebi um abraço suado de um viking com dois metros de altura... se soubesse que ele era um sentimental tinha ficado calado!
"A banda chama-se Orange Goblin e traduzido à letra é qualquer coisa como uma espécie de duende laranja. Pode-se associar a cor ao fogo, a cada riff envolvido, embebido e emanado de um incêndio que jamais se apaga.
Para quem nunca ouviu falar deles e é um verdadeiro fã do puro rock n’ roll, fica o registo de que está intimado a travar conhecimento com todo o seu trabalho.
Os Orange Goblin tiveram o seu início em meados da década de 90’, mais precisamente no ano de 1995, sob o nome de Our Haunted Kingdom. Durante esse tempo cruzaram-se e trabalharam com bandas como Mourn e Electric Wizard. Os universos que rodeiam bandas desta estirpe são normalmente associados às bebidas, às drogas e ao rock n’ roll. É um cliché talvez, mas serve-lhes bem e vivem o mito como já ninguém o faz nos dias que correm.
Em 1997 nascem os Orange Goblin que, segundo se sabe, “nascem fora do seu tempo”. Sob a influência de bandas como Black Sabbath e Pink Floyd o produto resultou numa mistura explosiva. O ambiente que nos cerca quando se ouve Orange Goblin é único, pois as suas produções musicais são deliberadamente reportadas da década de 70’ e assumidas como tal. O som que deles provém - tal como o mesmo nos proporciona – entra em viagens longas de retrocesso temporal e desenha percursos que nos levam ao doom rock, doom metal, stoner rock e entre muitos outros difíceis de circunscrever devido à versatilidade latente nesta tão poderosa banda.
E é no ano de 2004 que editam Thieving from the house of God. Depois da saída de um dos seus guitarristas, Peter O’Malley, este álbum é recebido pelos fãs e apreciadores com alguma relutância. Desta feita, quem já os conhecia podia esperar mais um trabalho que não se aventurasse a ultrapassar as fronteiras do stoner. É garantido que o fizeram – e com sucesso. É raro poder pegar-se no trabalho dito ‘evolutivo’ de uma banda e poder comprová-lo, mas com este álbum, essa tarefa fica bastante facilitada.
Thieving from the house of God tem bases de stoner rock bastante sólidas associadas e de fácil reconhecimento. Contudo, os Orange Goblin foram mais além e procuram demonstrar a celebração da música no seu esplendor.
“Some You Win, Some You Lose” e “Hard Luck” são faixas que detêm uma aura de realismo caótico das coisas simples. Quase que funcionam como hinos do que pode ser uma filosofia de vida.
Em “You’re Not The One (Who Can Save Rock n’ Roll)”, Big Ben canta: “I had to sell my soul to get it right/ I had to sell my soul to get me back into the light”, e pode-se fazer uma ponte com o título do próprio album. Mais que uma alusão ao Bem e ao Mal, os temas que a banda escolhe abordar constroem um outro lugar onde estes se confundem e onde, eventualmente, se acabam por fundir.
A banda, que tem como membros Ben Ward também conhecido por Big Ben (vocalista), Joe Hoare (guitarrista), Martyn Millard (baixista) e Chris Turner, consegue cumprir a missão de ser bem sucedida no que se predispôs a fazer mesmo já sem O’Malley e além de surpreender os fãs que os acompanhavam, fez aumentar significativamente a multidão que os segue para todo o lado e que anseiam pelas performances únicas e, por isso, excêntricas destes, agora, quatro britânicos.
O título deste trabalho reflecte de forma bastante sarcástica a sua atitude em relação a tudo o que fazem e, principalmente, a mensagem que pretendem passar.
A nós, só nos resta celebrar – seja pelo que for. Eles não se importam e nós, certamente, que também não. A atitude é somente essa."
Retirado de http://www.hiddentrack.net e escrito por Maria Rocha (m.maria.rocha@gmail.com)
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Foi o melhor concerto que vi nos últimos anos. São uns gajos muita bacanos, estavam-se a divertir à grande e entusiasmaram toda gente. No fim fui ter com o gajo e disse-lhe (com sotaque mexicano) "great concert, man! Enjoy your stay in Portugal. Come back any time!". Em troca recebi um abraço suado de um viking com dois metros de altura... se soubesse que ele era um sentimental tinha ficado calado!
"A banda chama-se Orange Goblin e traduzido à letra é qualquer coisa como uma espécie de duende laranja. Pode-se associar a cor ao fogo, a cada riff envolvido, embebido e emanado de um incêndio que jamais se apaga.
Para quem nunca ouviu falar deles e é um verdadeiro fã do puro rock n’ roll, fica o registo de que está intimado a travar conhecimento com todo o seu trabalho.
Os Orange Goblin tiveram o seu início em meados da década de 90’, mais precisamente no ano de 1995, sob o nome de Our Haunted Kingdom. Durante esse tempo cruzaram-se e trabalharam com bandas como Mourn e Electric Wizard. Os universos que rodeiam bandas desta estirpe são normalmente associados às bebidas, às drogas e ao rock n’ roll. É um cliché talvez, mas serve-lhes bem e vivem o mito como já ninguém o faz nos dias que correm.
Em 1997 nascem os Orange Goblin que, segundo se sabe, “nascem fora do seu tempo”. Sob a influência de bandas como Black Sabbath e Pink Floyd o produto resultou numa mistura explosiva. O ambiente que nos cerca quando se ouve Orange Goblin é único, pois as suas produções musicais são deliberadamente reportadas da década de 70’ e assumidas como tal. O som que deles provém - tal como o mesmo nos proporciona – entra em viagens longas de retrocesso temporal e desenha percursos que nos levam ao doom rock, doom metal, stoner rock e entre muitos outros difíceis de circunscrever devido à versatilidade latente nesta tão poderosa banda.
E é no ano de 2004 que editam Thieving from the house of God. Depois da saída de um dos seus guitarristas, Peter O’Malley, este álbum é recebido pelos fãs e apreciadores com alguma relutância. Desta feita, quem já os conhecia podia esperar mais um trabalho que não se aventurasse a ultrapassar as fronteiras do stoner. É garantido que o fizeram – e com sucesso. É raro poder pegar-se no trabalho dito ‘evolutivo’ de uma banda e poder comprová-lo, mas com este álbum, essa tarefa fica bastante facilitada.
Thieving from the house of God tem bases de stoner rock bastante sólidas associadas e de fácil reconhecimento. Contudo, os Orange Goblin foram mais além e procuram demonstrar a celebração da música no seu esplendor.
“Some You Win, Some You Lose” e “Hard Luck” são faixas que detêm uma aura de realismo caótico das coisas simples. Quase que funcionam como hinos do que pode ser uma filosofia de vida.
Em “You’re Not The One (Who Can Save Rock n’ Roll)”, Big Ben canta: “I had to sell my soul to get it right/ I had to sell my soul to get me back into the light”, e pode-se fazer uma ponte com o título do próprio album. Mais que uma alusão ao Bem e ao Mal, os temas que a banda escolhe abordar constroem um outro lugar onde estes se confundem e onde, eventualmente, se acabam por fundir.
A banda, que tem como membros Ben Ward também conhecido por Big Ben (vocalista), Joe Hoare (guitarrista), Martyn Millard (baixista) e Chris Turner, consegue cumprir a missão de ser bem sucedida no que se predispôs a fazer mesmo já sem O’Malley e além de surpreender os fãs que os acompanhavam, fez aumentar significativamente a multidão que os segue para todo o lado e que anseiam pelas performances únicas e, por isso, excêntricas destes, agora, quatro britânicos.
O título deste trabalho reflecte de forma bastante sarcástica a sua atitude em relação a tudo o que fazem e, principalmente, a mensagem que pretendem passar.
A nós, só nos resta celebrar – seja pelo que for. Eles não se importam e nós, certamente, que também não. A atitude é somente essa."
Retirado de http://www.hiddentrack.net e escrito por Maria Rocha (m.maria.rocha@gmail.com)
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